Considerada uma das mais famosas casas do mundo, a Casa da Cascata (em inglês: Fallingwater house) ou Casa Kaufmann (nome da família de seu primeiro proprietário) é uma residência localizada 50 milhas a sudeste de Pittsburgh, em Bear Run, na Estrada Rural 1, secção Mill Run de Stewart Township, Condado de Fayette, nas Laurel Highlands dos Montes Allegheny, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos da América.
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O edifício foi desenhado em 1934 pelo Arquiteto Frank Lloyd Wright, considerado o introdutor da Arquitetura Moderna no seu país, e construída em 1936 no sudoeste rural da Pensilvânia. No entanto, a sua principal característica é o fato de ter sido erguida parcialmente sobre uma pequena queda de água, servindo-se dos elementos naturais ali presentes (como pedras, vegetação e a própria água) como constituintes da composição arquitetônica. Assim como várias outras obras de Wright, foi construída com materiais experimentais para a época.
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O proprietário era o homem de negócios Edgar Kaufmann Sr., cujo filho Edgar Jr. fora aluno de arquitetura de Wright. Foi construída no meio dum bosque, no interior duma propriedade da família. Originalmente utilizada como residência de veraneio da família, a casa hoje é um museu.
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O desenho estrutural da Casa da Cascata foi empreendido por Wright em associação com Mendel Glickman e William Wesley Peters, que tinha sido responsável pelo desenho das revolucionárias colunas que foram um elemento do desenho de Wright para o Johnson Wax Building.
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Planos preliminares foram emitidos a Kaufmann para aprovação no dia 15 de Outubro de 1935, após o que Wright fez mais uma visita ao local e previu um custo estimado para o seu cliente. Em Dezembro de 1935 foi aberta uma velha pedreira a oeste da água para fornecer as pedras necessárias para as paredes da casa. Wright apenas fez visitas periódicas ao sítio durante a construção, designando Robert Mosher, que era um dos seus aprendizes, como seu representante permanente no local. Os desenhos finais do trabalho foram emitidos por Wright em Março de1936, com as obras a começar na ponte e na casa principal em Abril desse ano.
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A construção foi atormentada por conflitos entre Wright, Kaufmann e o empreiteiro da construção. O edifício está feito de tal forma que as quedas de água podem ser ouvidas do seu interior, mas as quedas só podem ser vistas quando se está de pé na varanda do piso mais alto. Este tipo de mistério de arquitetura geométrica intrigou mesmo o próprio arquiteto Wright.
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Kaufmann mandou rever o desenho de Wright a uma firma de engenheiros consultores pondo em dúvida se Wright tinha experiência suficiente no uso de betão armado. Depois de receber o relatório, Wright ficou ofendido e pediu imediatamente a Kaufmann a devolução dos seus desenhos e indicou que se retirava do projeto. Kaufmann pediu desculpas e o relatório de engenharia foi posteriormente enterrado dentro de uma parede de pedra da casa.
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Depois duma visita ao local, Wright rejeitou, em Junho de 1936, o trabalho de betão para a ponte, a qual teve que ser reconstruída.
Para os pavimentos principais Wright e a sua equipa usou vigas integrais invertidas com a placa plana na face inferior formando o teto do espaço abaixo. O empreiteiro, Walter Hall, que também era engenheiro, produziu cálculos independentes e defendeu que se devia aumentar o reforço da placa do primeiro andar. Wright rejeitou o empreiteiro. Enquanto algumas fontes afirmam que foi o empreiteiro que, silenciosamente, dobrou a quantidade de reforço, de acordo com outras, foi a pedido de Kaufmann que os seus engenheiros consultores redesenharam o reforço de Wright e dobraram a quantidade de aço especificado por Wright. Este aço adicional não só acrescentou peso à placa como foi instalado tão próximo que o concreto muitas vezes não conseguia preencher adequadamente o espaço entre o aço, o que enfraqueceu a placa.
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Os engenheiros consultores, com a aprovação de Kaufmann, fizeram que o empreiteiro instalasse uma parede de apoio sobre a principal viga de suporte para o terraço oeste. Quando Wright descobriu isso durante uma visita ao local, fez com que Mosher, discretamente, removesse a linha superior de pedras. Quando Kaufmann, mais tarde, confessou o que tinha sido feito, Wright mostrou-lhe o que Mosher tinha feito e salientou que o  tinha mantido em teste, sob carga, durante o mês anterior sem o apoio da parede.
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Em Outubro de 1937 a casa principal estava concluída.
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A Casa da Cascata ergue-se como uma das maiores obras-primas de Wright tanto pelo seu dinamismo como pela sua integração com a impressionante envolvência natural. A paixão de Wright pela arquitetura japonesa foi fortemente refletida no desenho da Casa da Cascata, particularmente na importância da interpenetração dos espaços interiores e exteriores e na forte ênfase colocada na harmonia entre o homem e a natureza. Tadao Ando disse uma vez: “Eu penso que Wright aprendeu o mais importante aspecto da arquitetura, o tratamento de espaço, da arquitetura japonesa. Quando visitei a Casa da Cascata na Pensilvânia, encontrei essa mesma sensibilidade de espaço. Mas havia ali os sons adicionais da natureza que me atraíram”.
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A extensão do gênio de Wright em integrar cada detalhe deste desenho apenas pode ser sugerido nas fotografias. Esta residência privada organicamente desenhada foi pensada para ser um refúgio natural para os seus proprietários. A casa é bem conhecida pela sua ligação com o lugar: está construída no topo duma queda de água ativa que corre por baixo da casa. A lareira com fogão a lenha na sala de estar é composta por rochedos encontrados no sítio e sobre os quais a casa foi construída — um conjunto de pedras que foi deixado no local sobressai ligeiramente através do pavimento da sala de estar. Wright tinha pensado inicialmente que estas rochas seriam cortadas rente ao chão, mas este tinha sido um dos pontos favoritos da família para apanhar sol, pelo que o Sr. Kaufmann insistiu que fossem deixadas como estavam. Os pavimentos de pedra foram encerados, enquanto o fogão de lenha foi deixado ao natural, dando a impressão de rochas secas sobressaindo dum riacho.
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Interior da Casa da Cascata, com uma área de estar, à esquerda, com mobílias desenhadas por Wright
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A integração com o cenário estende-se até aos pequenos detalhes. Por examplo, onde o vidro encontra as paredes de pedra não existe friso de metal; em vez disso, o vidro é calafetado diretamente na pedra. Existem escadas que descem diretamente para a água. Na “ponte” que liga a casa principal ao edifico dos hóspedes e dos criados, uma rocha natural pinga água para dentro, a qual é então diretamente devolvida. Os quartos são pequenos, alguns mesmo com tetos baixos, talvez para encorajar as pessoas a saírem para as áreas sociais abertas, molhes e espaços exteriores.
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O riacho ativo (que pode ser ouvido constantemente por toda a casa), redo9ndezas imediatas e paredes e terraços em pedra extraída localmente (lembrando as formações rochosas vizinhas) destinam-se a estar em harmonia, em linha com o interesse de Wright em fazer edifícios que eram mais orgânicos e os quais, desse modo, pareciam estar mais envolvidos com as redondezas.
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Apesar da queda de água poder ser ouvida por toda a casa, não pode ser vista sem se sair ao exterior. O desenho incorpora amplas extensões de janelas e as varandas estão fora das salas principais dando uma sensação de proximidade das redondezas. O clímax experiencial ao visitar a casa é uma escadaria interior que desce da sala de estar permitindo um acesso direto à correnteza abaixo da casa.
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As opiniões de Wright sobre o que devia ser a entrada têm sido questionadas; ainda, a porta que Wright considerava ser a porta principal está escondida num canto e é bastante pequena. A idéia de Wright para a grande fachada desta casa é a da perspectiva de todas as famosas fotografias do edifício, olhando para cima a partir do riacho, vendo o canto oposto à entrada principal.
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Na encosta acima da casa principal existe uma coberta para quatro carros (apesar dos Kaufmanns terem pedido uma garagem), alojamentos para os criados e um quarto de hóspedes. Este edifício exterior anexo foi construído um ano depois usando a mesma qualidade de materiais e a mesma atenção aos detalhes da casa principal.
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Logo acima fica uma pequena piscina de seis pés de profundidade, continuamente alimentada por água natural, a qual depois flui para o riacho abaixo. Através dum truque visual comparando as paredes da piscina com a paisagem mais além, a piscina parece não ter nível, embora, de fato, o tenha.
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A coberta foi, sob direção de Kaufmann, Jr., fechada posteriormente para ser usada pelos visitantes da Casa da Cascata, que geralmente se reúnem ali no final das visitas guiadas. Kaufmann, Jr. desenhou ele próprio os interiores, mas com as especificações encontradas noutros interiores da casa desenhados por Wright.
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